Seguros na infância: como ensinar proteção desde cedo?
Se nos tabuleiros do “Jogo da Vida” é possível comprar casa, carro e até contratar seguros, na vida real essa lição ainda está distante da rotina de muitas famílias brasileiras. Apesar de o mercado de seguros representar 6% do PIB nacional, de acordo com a CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), o tema ainda é pouco explorado na educação básica e raramente aparece nas conversas familiares.

No Brasil, apenas 30% da frota de veículos têm apólices, e só 17% das residências estão protegidas, segundo dados da CNseg. Além disso, mais de 70% das famílias não teriam reservas para lidar com uma emergência financeira, de acordo com o Instituto Locomotiva. O resultado é um cenário em que o seguro segue sendo percebido como algo distante, quando na verdade é um instrumento de proteção essencial para o equilíbrio das famílias.
Apesar disso, o tema começa a ganhar espaço. Recentemente, o Ministério da Educação lançou o programa “Na Ponta do Lápis”, que inclui conteúdos fiscais, previdenciários e securitários, colocando o seguro oficialmente na sala de aula pela primeira vez. Para especialistas, esse é o próximo passo na construção de uma geração mais consciente financeiramente. “Ensinar sobre seguros desde cedo é ensinar sobre responsabilidade, cuidado e planejamento, três pilares fundamentais para formar cidadãos mais conscientes e financeiramente equilibrados”, explica Marcelo Biasoli, especialista em seguros e pai de um menino de 9 anos.
Além das políticas públicas, iniciativas simples podem ajudar as famílias a trazer esse aprendizado para o cotidiano das crianças, desde jogos que abordam planejamento e imprevistos até conversas sobre como a proteção financeira garante estabilidade em momentos difíceis.
Pensando nisso, veja 5 dicas simples de ensinar educação financeira e o valor do seguro para as crianças:
- Use jogos de tabuleiro como aliados
Clássicos como Banco Imobiliário e Jogo da Vida são ótimos aliados para mostrar como as decisões financeiras (comprar, poupar e se proteger) influenciam o futuro. Esses jogos despertam a curiosidade das crianças e ajudam a explicar conceitos como imprevistos e seguros de forma leve e natural.
- Converse sobre imprevistos reais
Quebrar um brinquedo, perder um celular ou adoecer são oportunidades para introduzir o tema da proteção. Explique como o seguro funciona para dividir riscos e evitar perdas financeiras maiores. Isso ajuda a criança a perceber que o seguro é uma forma de cuidar, não apenas de bens, mas também de pessoas e da tranquilidade da família.
Essas conversas podem ser simples e adaptadas à linguagem da criança. O importante é mostrar que o seguro existe para ajudar quando algo sai do controle. Quando a criança entende que imprevistos fazem parte da vida, mas que é possível se preparar para eles, começa a enxergar a proteção como uma atitude de cuidado.
- Dê mesadas com propósito
A mesada é um excelente recurso para ensinar planejamento e autocontrole. De acordo com um estudo do Serasa e Opinion Box, 56% das famílias brasileiras pagam mesadas para os filhos. Combine objetivos: uma parte para gastar, outra para guardar e uma pequena fração para “proteger” algo simbólico, como um brinquedo ou passeio. Essa prática mostra o valor de se preparar para imprevistos e ensina, de forma concreta, o conceito de reserva financeira.
- Mostre que proteção também é carinho
As crianças aprendem pelo exemplo. Mostre que os adultos também se protegem, com seguros de vida, saúde, casa ou pet. Quando a criança entende que o seguro é uma forma de cuidar, ela passa a enxergar a proteção como parte natural da vida em família.
- Use a tecnologia a seu favor
Aplicativos e plataformas digitais podem ajudar a ensinar sobre dinheiro e segurança de forma lúdica. Vídeos educativos e simuladores de finanças permitem que as crianças visualizem o impacto de suas escolhas. Para Biasoli, a digitalização facilita o aprendizado: “Assim como o seguro hoje está nos canais digitais e marketplaces, a educação financeira também pode estar na palma da mão das novas gerações. Mais do que aprender a somar e gastar, as crianças precisam entender que o dinheiro também serve para proteger o que é importante. Ensinar esse valor desde cedo é formar uma geração mais consciente, responsável e preparada para construir o próprio futuro.”, conclui o executivo.
